sábado, 27 de junho de 2009

charles bukowski e o arquivo morto



(porra, michael jackson morreu...) Sabe o que eu queria ser mesmo? Um belo de um porra loca. Não sou eu sei disso, mas puta como eu queria.

Queria me drogar todo dia, beber como um maluco, andar com gente estranha, não me importar nem um pouco com a nota em estatística que sai em algumas horas, nem com o que vou ser daqui uns anos.

Queria largar tudo e cair no mundo. Viajar, conhecer milhões de pessoas: medíocres, fantásticas, lindas, feias, boas, más. Gente. Perfeitas nas suas imperfeições.

Queria ser um Charles Bukowski brasileiro. Aliás, uma vez que mais estive próximo de ser isso tudo aí foi quando, no meio do expediente, larguei tudo, peguei um livro do Bukowski que tava lendo, peguei a chave do arquivo morto e fui lá ler o tal livro. No meio das caixas de documentos velhos, quando todo mundo trabalhava eu lia. Lia o livro de um cara doido que sempre foi um fodido na vida, mas que de alguma forma tinha conseguido ser feliz no meio disso tudo.

Charles Bikowski é o resumo de tudo que eu queria ser e não sou.

Mas aquele dia foi legal.

Acho toda essa merda de vidinha programada uma chatice sem tamanho. Você estuda pra entrar numa boa universidade, pra depois arrumar um bom emprego, pra ter uma esposa, filhos, uma prestação de uma casa legal, um carro do ano comprado em trinta e seis prestações. Você envelhece, os filhos te deixam, aparece um câncer qualquer em seu corpo e você morre. Que merda de vidinha medíocre.

Não lembro como Bukowski morreu, deve ter sido sozinho, velho e ranzinza. Uma morte boa.
Mas porra, não quero morrer ainda não... Quero viver pra caralho, quero viajar, ver coisas novas, comer comidas estranhas, sentir frio no inverno de um país qualquer, torrar ao sol de outro. Sentir na pele as coisas que fazem a vida valer a pena. Comprar um carro novo e trabalhar oitenta horas por semana pra um idiota não faz a vida valer a pena, mesmo.

pelo menos eu acho que não.

Um dos meus maiores prazeres ultimamente tem sido sair de carro a noite e andar bem devagar por aí, sem rumo. Ver a cidade escura, fria e melancólica. Mas nunca dura mais que meia hora, afinal a gasolina ta cara.

Logo volto e encontro meu dramin na escrivaninha, ao lado dos textos que li e não me lembro de uma vírgula. Quem é Sônia Draibe mesmo? Logo o sono bate, a vista fica embaçada, a mão dormente e a cama mais atraente. Santo dramin. Menos de dois reais uma cartela que me garante dez dias de sono leve e revigorante.

Me falta coragem de ser um Bukowski, me falta coragem de ser menos prosa e mais poesia.

Boa noite Shadaloo.

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