sexta-feira, 24 de julho de 2009

Brincando de gangorra...



Spent for a beer his trinket
Won by a gambler's lust
Pierced by an outlaw's bullet
And found in the blood red dust
One silver dollar

E o dólar não pára de cair! Hoje desceu para a cotação mais baixa em dez meses: 1,89 reais. E a tendência é que isso continue mesmo, a moeda americana tem hoje a força de um Hancock com gripe suína, assim como a própria economia americana, que vem numa depressão danada. Tadinhos...

A moeda chinesa (cujo nome esqueci) e o Euro são hoje moedas muito mais interessantes do ponto de vista do mercado que o dólar, que ainda é usado como referência pelo que resta de poderio econômico americano e por ser uma prática já tradicional dos mercado. Precisa-se ter uma moeda que sirva como parâmetro para as outras, então na ausência de outra melhor, vai tu mesmo...

Agora, pra quem exporta isso é uma merda sem tamanho. Aqui no Brasil quem produz só se ferra: os impostos são altos, os juros para crédito são impraticáveis, a quantidade desses mesmos créditos é limitada e, pra completar, não temos infra-estrutura adequada para que o cara que mora lá onde Judas perdeu as botas consiga fazer com que as laranjas que ele planta cheguem até o porto de Santos em segurança. Depende-se muito do transporte rodoviário que é caro, perigoso e trafega em estradas tão horríveis quanto às ruas da minha cidade.

Enfim, uma merda sem tamanho.

Mas então, é ruim o dólar tão desvalorizado assim porque o produto feito aqui, com custos em reais, é vendido no exterior em dólar. Então, se o real está desvalorizado face à moeda americana, fica mais barato produzir aqui, deixando o produto nacional em posição mais competitiva em relação ao seu concorrente estrangeiro. É por isso que governos como o japonês e o chinês se recusam a deixar que suas moedas flutuem à mercê do mercado. Pra eles não interessam que suas moedas fiquem valorizadas. Afinal, ainda hoje, o mercado americano é extremamente importante Em outras palavras: eles consomem pra caraleo.

Só que assim como tudo na vida, há um outro lado: não é interessante também deixar o dólar nas alturas. Por quê? Primeiro que o Brasil tem boa parte da sua dívida externa atrelada ao dólar. Então se essa moeda sobe o preço da nossa conta à pagar sobe junto. Aí já viu... Segundo que as empresas também têm dívidas em dólar. Por quê? Porque o crédito no Brasil é difícil de ser conseguido, o que faz com que elas busquem empréstimo no exterior... Obviamente em dólar!

É, meu amigo, não é fácil. Mas tem mais: dólar alto também não é bom porque essas empresas precisam investir e os maquinários são, invariavelmente, feitos no exterior e negociados em... Dólar...
Já viu onde vou chegar né?

Enfim, o dólar estar caindo é legal porque mostra que a econômica brasileira está, como diz um amigo meu, parruda e não tem sofrido tanto quanto a maioria dos países. Além disso é om porque eu posso ir no eBay e comprar um monte de porcarias e pagar barato nisso. Mas devagar no escorregador! Se cair muito, o que vai ter de fabricante de sapatos em Franca fechando as portas não está escrito...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Gato Preto vs Pé de Coelho!



Não espero nem peço que se dê crédito à história sumamente extraordinária e, no entanto, bastante doméstica que vou narrar. Louco seria eu se esperasse tal coisa, tratando-se de um caso que os meus próprios sentidos se negam a aceitar. Não obstante, não estou louco e, com toda a certeza, não sonho. Mas amanhã morro e, por isso, gostaria, hoje, de aliviar o meu espírito. Meu propósito imediato é apresentar ao mundo, clara e sucintamente, mas sem comentários, uma série de simples acontecimentos domésticos. Devido a suas conseqüências, tais acontecimentos me aterrorizaram, torturaram e destruíram.

O texto acima, obviamente não é meu, é do estupidamente macabro Edgar Alan Poe, poeta americano nascido em Boston. Mas sere pra iniciar bem esse texto que trata bem... leiam e percebam por si mesmo.

E ai que é o seguinte: meu notebook queimou, meu carro quebrou, meu cadarço rasgou, meu videogame queimou e ainda por cima quebrei meu dedo indicador direito ao levantar um móvel da sala (don’t ask how), o que torna o ato de digitação incrivelmente doloroso!

A zica me acompanha meus senhores! Devo ter cruzado por todos os gatos pretos do mundo em todas as sextas-feiras da minha vida pra justificar tal coisa.

Mas não, não foi só isso! Oh não, tem mais! Sábado passado, devido a um excesso de ingestão daquela água que passarinho não bebe, que tubarão não nada, que queima e desce quente e tem nome de aguardente; eu fui para em um pronto-socorro mequetrefe de uma cidade chamada Matão quase entrando em coma-alcoólico. Ainda tive que ouvir no dia seguinte sermão do médico.

Diante de tal série de fatos inimagináveis, tomei uma decisão importante: decidi ir me benzer. A última vez que me benzi tinha cinco anos de idade e tinha ido numa viagem com meus pais à Venezuela (fazer o que eu não sei). Pesquisei por benzedeiras, nessa cidade que resido para fins educacionais, capaz de reverter esse processo de mundinga que me acompanha nessa última semana. Não tem sido fácil.

Benzedeira é uma espécie em extinção no século XXI, hoje em dia se vive a era da ciência e não há nada menos científico que uma benzedeira. Mas tenho certeza que nem o maior dos cientistas, o mais cético dos humanos explicará como pode uma sucessão de fatos como a descrita acima acontecer a uma pessoa num período inferior a dez dias!

(Dirão que se trata de coincidência! Mas não se deixem enganar! Cientistas recorrem às coincidências quando não conseguem explicar o inexplicável!).

Então para evitar que mais fatos venham de encontro a minha pessoa, como contrair da gripe suína, por exemplo, simplesmente não sairei de casa a não ser que seja extremamente necessário. Comprei três cartelas de dramins, quatro pacotes de paçoca, doze garrafas de Cotuba e mandei meu notebook pro conserto via mototaxi.

Aluguei também vários filmes, de modo que tenho preenchido minhas horas estudando para esses malditos e infinitos concursos públicos e vendo filmes. Bem mais a segunda opção que a primeira. Enfim, assisti a “Maiores de 18”, “Cloverfield”, “Encontro Marcado”, “O Gangster” e “Awake” entre ontem e hoje. Virarei um cinéfilo. "Reviews de ver" deles logo mais...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Meu amigo morreu

Hoje recebi a triste notícia: o coração dele parou. Depois de doze anos de vida e muitas alegrias juntos hoje ele entregou os pontos e partiu dessa pra melhor. Nossas histórias juntos são incontáveis. Estamos juntos mesmo há cerca de quatro anos e nesse meio tempo fui muito feliz ao seu lado.

Viajamos junto para incontáveis lugares. Sempre eu e ele. Meu fiel companheiro jamais havia pestanejado, jamais tinha sequer adoecido. E olha que nunca o mimei demais. Sempre exigi dele todas as energias, por diversas vezes ele se machucou tentando seguir o ritmo que eu o impunha. Só que sempre se recuperou e sempre voltou firme e forte para mais uma aventura.

Mas domingo ele não agüentou os longos anos de trabalho duro e esforço excessivo e exigiu seu descanso merecido. Ainda consegui trazê-lo para o conforto de sua morada, nossa morada, para que ao menos ele desses seus últimos suspiros em paz. Não sabia o quão sério era a situação, apenas hoje um especialista deu o veredicto e a notícia não poderia ser pior.

Os sinais já estavam aparecendo há algum tempo, mas eu preferi ignorá-los e fingia que tava tudo bem, quando obviamente não estava. Domingo, mais ou menos às seis da manhã, o coração dele bateu suas últimas batidas.

Terá que ser trocado a biela, o carter, as válvulas e mais incontáveis peças do motor. Em suma: meu carro morreu. Meu Gol 1.0 branco, ano 97, que sempre me levou onde quis morreu. O preço, algo entre 3.500,00 e 4.000,00 reais torna proibitivo e financeiramente inviável concertá-lo. Será trocado, assim nessas condições, por um modelo mais novo.

Mas saiba, amigo carro, que você estará pra sempre no meu coração. Rest in peace my beloved car.


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Cinco parágrafos antes de dormir



Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...

No começo é chato e estranho. Você não se acostuma, os outros parecem tão mais felizes, tão mais adaptados que você. Tão mais idiotas também. O tempo se arrasta e você faz de tudo para que ele voe... você quer ir embora, mas não dá, ainda não dá. Não vê graça em quase nada, afinal, mudou tudo e tudo foi substituído por coisas piores em todos os sentidos. O conforto não existe mais, o conhecido não existe mais, os seus pequenos caprichos não têm mais lugares. É tudo esquisito, você se pergunta se é isso mesmo que você queria e por diversas vezes a resposta parece ser “não”. Quer voltar ao antes, ao que sempre foi aceitável.

O tempo se arrasta, mas passa. Vai-se um mês, dois, três meses... O que era terrivelmente chato vai ficando normal. Os estranhos passam a não ser tão estranhos assim. O conforto continua não existindo, mas você não sente mais tanta falta. O antes ainda é atraente, mas ele passa a ser tão... normal. Seus caprichos? Alguns somem, outros você acha um lugar bem seu para cultivá-los. Ir embora continua sendo uma opção interessante, mas cada vez menos importante. Os outros ainda parecem excessivamente felizes, mas algumas risadas você já compartilha. Algumas histórias passam a ser suas também. Segue o seco...

...De repente, quando você acorda, percebe que aquilo se tornou parte de você. Continua sendo uma bagunça sem fim, continua sendo estupidamente esquisito pra quem vê de fora. Mas você já não está mais vendo de fora, não é mais o mesmo e compartilha muitas daquelas esquisitices. Conforto...? Pra quê? Troquei ele pela minha liberdade. Caprichos? Algum ainda se cultiva, os outros não passavam de mimos inúteis que não têm mais lugar no seu novo modo der ser. O que era chato passa a ser maravilhosamente gostoso. O tempo voa, mas você faz de tudo pra que ele se arraste segundo a segundo. Você se sente parte daquilo. Não se vê mais longe daquela estranheza toda, daquela gente diferente.

Os meses passam, os anos passam. O fim se aproxima e a sensação de que você jamais vai ser o mesmo aumenta dia a dia. Você queria voltar e começar tudo de novo. Mais uma risada, mais uma ressaca, mais uma refeição ruim. Queria ter aproveitado mais, você diz. Mas o tempo não volta, infelizmente não volta. Você se sente um idiota por ter questionado, no começo, se tudo valia a pena. Percebe que aquilo ali moldou sua personalidade de modo irreversível. Você cresceu, viu que nem tudo é do seu jeito. Nem todos são iguais e que a graça está em conviver com cada diferença e aceitar e entender que elas são estranhas pra você do mesmo modo que as suas são estranhas pra os outros. No fim você fica feliz por ter vivido aquilo tudo...

...vida em república.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

São Paulo, ah São Paulo...



I don't mind not feeling immortal
'Cos it ain't all that as far as I can tell
I don't mind not going to heaven
As long as they've got cigarettes
As long as they've got cigarettes in hell



Fim-de-semana pra lá de interessante.

Fui à São Paulo ver a corrida da Stockcar, mas como ir à São Paulo e fazer apenas o que se foi lá fazer é quase um sacrilégio, obviamente que tentei aproveitar os dois dias na capital paulista o máximo que pude. E aproveitei mesmo. Do famoso pão com mortadela mais caro mundo no mercadão municipal ao jantar na churrascaria Chão de Fogo. Finalizado por uma passada no Teta Jazz Bar pra encerrar o sábado. São Paulo é maravilhosa, mas sem grana não se faz absolutamente nada.

Por isso tenho dois objetivos na vida: pegar a grana do meu pai e me mudar pra São Paulo. (Há-Há-Há... Nossa como eu sou engraçado...)

Escreveria mais sobre essa cidade, mas pra escrever sobre São Paulo é preciso realmente conhecer a cidade.

Acordei cedo, anda como uma manhã barulhenta em São Paulo. Tomei um café da manhã rápido e sem graça no hotel e zarpei para o autódromo de Interlagos para a etapa paulistana da Stockcar. Correriam no domingo: Stockcar Jr, Nextel Cup, Copa Vicar e Pickup Cup. Como cheguei tarde e demorei ainda mais para achar o maldito portão 7, que dava acesso às arquibancadas em frente aos boxes à qual tinha direito, acabei perdendo a primeira corrida do dia. Sem problemas, as principais ainda não tinham acontecido.



As dez e pouco foi dada a largada da categoria principal, a Nextel Cup, com 32 carros na pista e quase 500 cavalos de potência em cada carro. Pra quem gosta e um prato cheio.

Parênteses: (Ver corridas em autódromo é legal, mas se tem uma coisa que aprendi nesses anos todos vendo corridas lá é que não se vê quase nada. O campo de visão da pista é bastante restrito. Como resultado eu fui entender o que de fato tinha acontecido na corrida quando vi a reprise dela no Sportv. De qualquer forma tanto a corrida da Nextel Cup, quanto as outras duas seguidas, foram legais. Valeu a pena).



Mas eu queria falar um pouco mais da cidade. No sábado de manhã (repare que o timeline do meu texto é lamentável) fui na Santa Efigênia, a Meca dos produtos eletrônicos e de informática. Acha-se de tudo lá, mas de tudo mesmo. Achei um aparelho que grava de vinil pra CD com um design todo retro muito legal, o preço, dois mil reais, é um mero detalhe... Não comprei porque era muito pesado, sabe como é...

Na volta quis passar no Ibirapuera, tava meio nublado e, como não tinha mais nada pra fazer no resto do dia (MASP tá em greve?) achei que seria uma boa deitar por lá e ler o livro do Bukowski, Crônica de Um Amor Louco, que havia comprado antes de viajar. A paz daquele parque é engraçada, você está no meio de São Paulo e ainda assim consegue escutar um passarinho qualquer balançar o galho da árvore à qual você está escorado. Claro que não dá pra ficar lá até muito tarde, mas ainda assim é legal demais enquanto dura...



Enfim, segunda-feira as 4:30 da manhã, finalizei minha estadia no hotel e voltei pra cidade onde moro. Não surpreende o trânsito na marginal Pinheiros já estava começando a engarrafar para mais um começo de semana infernal, tradicional lá. Fica a saudade e vontade de voltar em breve. Semana que vem tem mais. Mas acho que não vai dar pra aproveitar tanto já que vou apenas para uma entrevista de emprego e devo voltar no mesmo dia.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Um dia feliz


Porque está amanhecendo?
Peço o contrario, ver o sol se por
Porque está amanhecendo?
Se não vou beijar seus lábios quando você se for

No relógio os ponteiros marcavam quatro da tarde. O vento balançava os galhos das árvores já sem folhas que dançavam de um lado para o outro não negando que o fim de outono e o frio se aproximavam claramente. As ruas estavam mais melancólicas que o normal visto que, apesar de outono, o céu não apresentava o azul característico dessa época do ano em que o tempo fica seco e as nuvens simplesmente desaparecem.

Não, nesse dia o céu estava escuro adiantando a tempestade que vinha do norte, implacável, fazendo com que os milhões de guarda-chuvas se abrissem no centro da cidade, deixando tudo preto quando visto de cima.

Eu, que vinha do meu cursinho como qualquer outro dia, havia sido pego de surpresa pela tempestade e me abrigara em uma cafeteria de qualidade duvidosa, com piso feito de tacos de madeira velha e paredes quebradas mostrando que o tempo não havia sido nada gentil com aquele lugar. Completava o ambiente um cheiro de café feito na hora que me entrava no cérebro fazendo com que cada um dos meus neurônios se embebedasse naquela fragrância. Apenas o cheiro da chuva foi capaz de camuflá-lo. No balcão um senhor de meia idade gordo apenas olhava para fora como se contasse os segundos para que a chuva parasse e todos pudessem sair do seu estabelecimento.

Logo acendi meu Hollywood verde, companheiro de todas as horas, e comecei a observar as pessoas andando de um lado para o outro, assustadas, como se ao invés de chuva, caíssem pedras do céu. Isso tudo durou menos que vinte minutos, mas foi suficiente pra deixar todos agitados naquele fim de tarde de outono.

Assim que a chuva acabou eu percebi que era inútil correr para o ponto de ônibus, pois já o tinha perdido a algum tempo. Então decidi que iria pra casa a pé, chegaria mais tarde que o habitual, mas já naquela época não tinha vontade nenhuma de voltar pra lá. O sol que agora aparecia por entre aquelas nuvens pretas me deu a dica de que a chuva passara de fato. Aquela mistura de cores no céu que brigava entre o avermelhado normal daquela hora e o negro das nuvens chuvosas por algum motivo me fascinou. Essa mistura deixava o horizonte num tom marrom brilhante que, misturado com o reflexo da água da chuva no asfalto completava uma atmosfera meio bucólica me trazendo uma paz estranha e uma vontade de andar o mais devagar possível pra aproveitar cada minuto daquele fim de tarde.

Assim coloquei minha mochila nas costas e fui, a passos de formiga (e sem vontade), em direção a minha casa. No meu mp3 player pré-histórico tocava My Way do Frank Sinatra com uma melodia em saxofone composta por Greg Vail perfeita para aquele momento. Na minha cabeça todo e qualquer pensamento sobre qualquer coisa havia desaparecido, dando lugar a um vazio relaxante. Tudo que eu queria era apreciar aquele momento e torcer para que ele durasse o máximo possível. A felicidade realmente aparece quando a gente menos espera.

Logo meu cigarro acabou, minha música acabou, o cheiro da chuva sumiu, o sol cedeu à noite e eu cheguei em casa. Fazer o que...